O grupo
O Mamulengo Presepada nasce no início dos anos 80 da convivência de Chico Simões, seu criador, com o trabalho do amigo Carlinhos do Babau (Carroça de Mamulengos), após viajarem juntos pelo Nordeste brasileiro trabalhando e interagindo com mestres das culturas populares e tradicionais, sobretudo, aqueles ligados ao universo do Teatro Popular de Bonecos do Nordeste (Mamulengo, Babau, João Redondo, Calunga, Cassimiro Coco, dentre outros). Mestre Solón (Carpina/PE), do Mamulengo Invenção Brasileira, foi quem presenteou o grupo com os primeiros bonecos e abençoou o caminho que se segue, ensinando que “Em São Saruê, vive tudo que se imagina” e que “o boneco é anterior ao homem”. Chico de Daniel, do Rio Grande do Norte, Saúba e Zé de Vina, ambos da Zona da Mata Norte, também firmaram os pontos da tradição.
Depois, Chico Simões estudou com Fernando Augusto (Mamulengo Sorriso e Museu do Mamulengo), Ilo Krugli (Teatro Vento Forte), Amir Haddad (Tá na Rua), Ademar Bianchi (Catalinas Sur – Argentina) e outros mestres e amigos, com quem compartilha reflexões e práticas sempre focadas no trabalho do ator no contexto do teatro de bonecos. Foi artista visitante na Universidade da Califórnia, Berkeley/EUA, em 2009, e participou de dois encontros e dois cursos da Escola Internacional de Teatro Antropológico (ISTA), sob a direção de Eugenio Barba, fundamentais para o desenvolvimento do que batizou A Arte Secreta do Mamulengo, conjunto de princípios, técnicas, filosofia e método que baliza seu trabalho até hoje.
A instalação da sede do grupo em Brasília, ou melhor, em Taguatinga, no Mercado Sul, marcou profundamente esta trajetória, permitindo o desenvolvimento de inúmeros projetos com viés social e educativo, que dialogam com a economia solidária, a cultura digital e os fundamentos das culturas populares e tradicionais no centro do poder político nacional, demandando do grupo uma intensa participação na vida política do Distrito Federal e na conquista de políticas públicas de cultura mais estruturadas. Essa agitação levou o grupo a se articular com inúmeros outros agentes culturais na fundação do Ponto de Cultura Invenção Brasileira, referência do Programa Cultura Viva, contaminando positivamente o ambiente do entorno e gerando inúmeros desdobramentos, além de uma verdadeira escola de Mamulengo na capital.
São mais de 30 anos de estrada e de luta, mais de 2.500 apresentações e 25 países visitados, trabalhando como palhaço, mágico, camelô, ventríloquo, bonequeiro, numa trajetória consagrada por diversos prêmios, dentre eles, o Prêmio “Betinho”, pelo trabalho desenvolvido com crianças que vivem nas ruas de Brasília – 1994; o de Melhor Ator e Melhor Espetáculo Infantil no Festival Nacional de Teatro de Florianópolis/SC em 1997; a Bolsa Virtuose, para pesquisar na Europa a tradição do teatro de bonecos em 1998; o Prêmio Economia Criativa em 2011; o Prêmio Mazzaropi – Mestres da Cultura Popular em 2012; o Prêmio Myriam Muniz de Teatro pela Funarte em 2014; os quatro últimos promovidos pelo Ministério da Cultura e, recentemente, o Prêmio de Melhor Espetáculo de Rua – Festival Nacional de Teatro de Anápolis/GO.
Chico Simões, coordenador do grupo, atualmente, constrói o espaço Vila Mamulengo, no povoado de Olhos D’Água – Alexânia/GO.
Chico Simões
Em meados de 1970 um bonequeiro ventríloquo se apresentou na escola pública em que o menino Chico Simões estudava. Fascinado com o boneco, Chico se identificou com seu jeito malcriado. Esse momento ficou marcado como o início de seu interesse pelo teatro de bonecos e mudou a história de vida de Chico Simões, que com mais de 35 anos de dedicação ao mamulengo, tem levado encanto e diversão para crianças e adultos de todo o Brasil e vários lugares do mundo.
Profissionalmente, o grupo Mamulengo Presepada começou a atuar em Brasília no ano de 1983, depois de Chico viajar pelo Nordeste convivendo com o amigo Carlinhos do Babau do Carroça de Mamulengos e outros mestres.
Mestre Solon, do Mamulengo Invenção Brasileira, ensinou que “em São Saruê, vive tudo que se imagina” e que “o boneco é anterior ao homem”, presenteou o grupo com os primeiros bonecos e abençoou o caminho escolhido.
São mais de 35 anos de estrada, mantendo a tradição e investindo em novas buscas, o Mamulengo Presepada brinca hoje: Mamulengo, Palhaço Mateus, Mágicas, Ventríloquo, Bonecos Gigantes, Bumba Meu Boi e Cavalo Marinho.
Andou pelo mundo; deu curso na Escola de Guaratelli em Napoli – Itália, estudou na Escola Internacional de Teatro Antropológico – ISTA e no CENDREV – Centro Dramático de Évora – Portugal. Foi visitante convidado da Universidade de Berkeley – Califórnia e da Universidade UCONN de Connecticut nos EEUU.
Recebeu diversos prêmios, dentre eles, a Bolsa Virtuose – 1998 para pesquisar as origens das tradições do teatro popular brasileiro na Europa, o Prêmio Betinho – 1994, pelo trabalho realizado com crianças nas ruas de Brasília; Melhor Ator e Melhor Espetáculo Infantil no Festival Nacional de Teatro Isnard Azevedo – 1997; Prêmio Economia Criativa, pelo trabalho com mestres mamulengueiros, Prêmio Mestre de Mamulengo – Patrimônio Cultural 2016 e Prêmio Cultura Viva 2018. Escreve livros e artigos sobre Teatro Popular de Bonecos.