Historicamente combatidas, renegadas, proibidas e excluídas das políticas públicas estatais, das mídias comerciais e das religiões oficiais, as Culturas Populares sobrevivem até hoje pela força intrínseca a essas tradições com apoio das comunidades a que pertencem e de raros intelectuais desligados do pensamento eurocentrico e economicista do mundo. O encontro desses intelectuais e de novos gestores públicos com as estruturas internas das tradições culturais com auxilio de tecnologias colaborativas, livres e abertas esta gerando movimentos políticos articulados em redes sociais que avançam abrindo espaços de diálogos onde historicamente houve exclusão perversa fundamentada numa visão preconceituosa e quando muito “folclorista” da dinâmica diversidade identitária do povo brasileiro.

Esses diálogos nas fronteiras nem sempre são amistosos pois implicam muitas vezes em “traduzuir” ampliando conceitos e visões de mundo, não raro excludentes, mas a maior dificuldade tem sido combater a lógica capitalista da “espetacularização” imposta ao mundo pela industria cultural que centraliza a produção e globaliza o consumo inclusive de símbolos imateriais engolindo assim as culturas locais identitárias. Para agravar a situação estados emergentes ou em desenvolvimento, na periferia do Capitalismo, como o Brasil, adotam políticas de inclusão social baseadas unicamente no acesso econômico a bens e serviços mas não promovem a inclusão cultural necessária que se daria principalmente pela educação.

O desafio que se apresenta não é pequeno e é urgente reverter a tendência que insere as tradições culturais populares no mercado de bens de consumo e da espetacularização acreditando estar promovendo inclusão. Precisamos nos contrapor a esse mundo apresentando alternativas práticas como exemplo de desenvolvimento sustentável substituindo gradativamente a lógica das monoculturas competitivas pelas permaculturas colaborativas.

Identidade cultural é um bem, mas não é mercadoria. O “futuro” que nos foi cantado e decantado ruiu. Novas passagens, baseadas nas tradições populares precisam ser construídas nas fronteiras móveis do tempo… Nosso tempo.

Chico Simões

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